É MAIS DIFÍCIL SER MINIMALISTA NO BRASIL

Tempo de leitura: 4 min

Escrito por Roberto Kirizawa
em 26/04/2024

Compartilhe agora mesmo:

Uma coisa que eu percebi nitidamente, agora que cheguei no Brasil após morar quase 6 anos no Japão, é que aqui no Brasil é mais difícil ser minimalista devida a cultura de consumo que está impregnada em nossa sociedade.

São coisas que nós só percebemos após morar um tempo fora.

E infelizmente se isso não acontece a tendência é que você vai viver da forma como todos vivem sem perceber que está sendo induzido a viver querendo consumir, tendo a necessidade de ostentar e achando que tudo isso é o certo a ser feito.

Cultura de consumo

No Brasil, a cultura de consumo está fortemente enraizada.

Em um dia típico de folga, em vez de desfrutar de atividades ao ar livre como passear em parques, fazer trilhas, acampar ou fazer um piquenique – práticas comuns que eu via e fazia enquanto morava no Japão, aqui o brasileiro tende a ir ao shopping.

E, vamos ser sinceros, quem consegue resistir à tentação de comprar alguma coisinha quando está rodeado por lojas de todos os tipos, com vitrines brilhantes anunciando as últimas tendências e ofertas irresistíveis?

É quase como se o ato de comprar fosse um passatempo, uma forma de entretenimento, parte integrante do lazer.

Mas não se engane, isso não é uma crítica, mas sim uma observação de nossa cultura.

Cada cultura tem suas peculiaridades e o Brasil tem uma relação muito íntima com o consumo.

Agora, para nós que somos minimalistas, que conseguimos sair dessa forma de pensar, temos que criar e procurar outras formas de lazer diferente da que todos estão acostumados.

Até por isso que criamos a playlist Passeio Minimalista, onde estamos compartilhando os passeios que procuramos fazer focados na experiência e não no consumo.

É aquele tipo de passeio que você pode fazer com seu cônjuge, seu parceiro ou parceira, sua família, e até com seu pet, priorizando o lazer, aquele momento para relaxar e ter uma momento de paz e leveza, sem sentir a necessidade de realizar compras ou gastar dinheiro.

Se gostou da ideia, dá uma olhada no canal que já temos alguns vídeos de Passeios Minimalistas que começamos a compartilhar.

Redes sociais

No Brasil, vemos nas redes sociais as pessoas tendo como foco principal a ostentação.

E isso acontece de várias formas.

Seja mostrando que foi em um restaurante super badalado e caro, ou que comprou roupas de grife, ou mostrando sua coleção de calçados, perfumes, joias e acessórios de luxo.

Assim, todos os seguidores dessas pessoas ficam com a sensação que precisam também fazer e ter as mesmas coisas para poder sentir-se feliz.

Mas será que realmente sair comprando tudo isso para imitar outras pessoas vai ter fazer feliz?

O problema é que muitas vezes nem paramos para pensar sobre esse assunto.

Simplesmente saímos consumindo todos os conteúdos que são colocados na nossa linha do tempo e ficamos querendo viver a vida de outras pessoas, sem questionar se aquilo realmente é o que vai nos trazer uma vida plena e cheia de significado.

E esse aspecto da nossa cultura é mais um ponto que nos faz querer ser o que não somos e querer ter o que não temos.

Quanto mais melhor

Aqui no Brasil nós temos a ideia de que sempre quanto mais é melhor, e não é sempre assim.

Você deve conhecer pessoas que gostam de colecionar coisas.

Existe coleção de tudo:

  • Coleção de bolsas;
  • Coleção de sapatos;
  • Coleção de cintos;
  • Coleção de chapéus;
  • Coleção de óculos;
  • Coleção de esmaltes,
  • Coleção de perfumes;
  • Coleção de relógios…

Ufa! A lista não termina…

No Japão, os colegas de trabalho, japoneses, que eu convivia, compravam um sapato novo apenas quando o antigo já estava gasto demais, comprava um óculos novo quando o antigo quebrava, e ninguém ficava reparando em como o outro se vestia, como acontece aqui.

Eles simplesmente usavam as roupas que se sentiam confortáveis, e pronto!

Essa foi uma grande lição que pude vivenciar ao trabalhar e conviver com os japoneses.

Ostentação

A ostentação aqui no Brasil é quase um esporte nacional.

Parece que estão sempre em uma competição para ver quem tem o carro mais novo, a maior casa, a roupa mais cara.

E isso não é saudável.

As pessoas gastam dinheiro que muitas vezes não tem para impressionar pessoas que, na realidade, nem se importam tanto assim.

Você conhece aquele ditado, “quem vê cara não vê cartão de crédito”?

Pois é, ele nunca fez tanto sentido.

Muitas vezes, aquela pessoa que parece ter tudo, na verdade, está atolada em dívidas.

E sabe por quê?

Porque ela sente necessidade de ostentar, de mostrar para o mundo um status que, muitas vezes, não corresponde à sua realidade financeira.

E não, eu não estou dizendo que é errado querer coisas boas.

O problema é quando isso vira uma obsessão, quando se começa viver além do que se pode para manter uma imagem.

Vou contar uma história que ilustra bem isso: uma vez, um colega me disse que estava pensando em vender o carro dele, um modelo simples, mas bem conservado, para comprar um mais novo e mais caro.

Eu perguntei a ele: “Mas por quê? Seu carro está em perfeito estado”.

E ele me respondeu: “Ah, mas todo mundo na minha rua já trocou de carro. Eu não quero ser o único com um carro velho”.

Veja, ele não queria trocar de carro porque precisava, mas sim porque sentia uma pressão para se adequar ao padrão dos vizinhos.

E isso é uma armadilha perigosa.

Então, a minha mensagem para você é: não caia nessa.

Viva de acordo com o seu meio, não se endivide para impressionar os outros.

Lembre-se de que o verdadeiro luxo não é ter coisas, mas sim ter paz de espírito.

E nada traz mais paz de espírito do que viver de acordo com as nossas possibilidades, sem se preocupar com o que os outros vão pensar.

Só assim é possível ter uma vida leve, com significado.

Compartilhe agora mesmo:

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!